Trinta anos depois do seu disco de estreia, os Sex Pistols ressuscitaram, em palco, o punk-rock que os celebrizou, esgotando na quinta-feira a lotação da Brixton Academy.
Quem são os Sex Pistols 30 anos passados? «Fazem uma pantomima de si mesmos, mas no bom sentido». A noite passada, na Brixton Academy, a banda foi igual a si mesma: enérgica, provocadora, subversiva. O que se ouviu foi uma hora e 40 minutos de puro punk.
As portas abriram rigorosamente às sete e cinco da noite. Uma fila ordenada e silenciosa avançou para celebrar o lançamento de «Never Mind the Bollocks», o disco de estreia da banda. Foi em 77.
Os primeiros dessa fila ainda não eram nascidos quando os Pistols fundaram o punk. Um grupo de quatro adolescentes ingleses estava plantado junto à sala de concertos desde as dez da manhã. Mas verdadeiramente foi só ao fim do dia que os fãs da banda apareceram, vestidos a rigor. Reeditaram toda a «memorabilia» desse tempo: cristas irrepreensíveis, calças muito justas, blusões de cabedal, pedaços de cabelo temporariamente verde ou roxo.
Também se viam meias rendadas e rotas, uma sucessão de brincos, saias de tamanho indecente, alfinetes a segurar um xadrez tipicamente britânico. «Eu trabalho numa escola primária, é claro que não posso andar assim todos os dias...», dizia uma «mãe» inglesa, de braços tatuados, cabelo cor de rosa e a filha adolescente ao lado. «Ouço Sex Pistols desde que era bebé, com a minha mãe», dizia ela.
O alinhamento foi o previsível: tocaram os «standards» - os temas que toda a gente queria que eles cantassem.
Começaram às nove. Abriram com «Pretty Vacant» e a plateia ficou imediatamente incendiada. No essencial não se desviaram do álbum que muitos consideram um dos melhores da história da música.
«Johnny Rotten provou que continua a ser um grande »showman«. Todos estamos mais velhos, mas a energia é a mesma», comentava à saída outro fã.
As reacções ao concerto foram consensuais: «Fucking fine», «Still rock», «Espantoso», «Brilhante», «O melhor rock que ouvi em anos.»
Cá fora, instalara-se um frio de Outono adiantado. Enrolava-se tabaco e outras substâncias menos ortodoxas, pairava um leve cheiro a cerveja. Vendiam-se T-shirts com a capa de «Never Mind the Bollocks» e outras com «God Save the Queen» (o hino sagrado no qual eles tocaram...). Pediam dez libras (15 euros) por cada.
Em 45 minutos, sairam da sala cinco mil pessoas, a dispersão foi total. Um grupo pouco numeroso fazia monte junto à porta das traseiras na esperança de um autógrafo.
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